Nando Reis - Jardim-Pomar
Nando Reis
Nando Reis Jardim - Pomar
22 anos depois de lançar o seu primeiro álbum solo e 14 desde a sua saída dos Titãs, Nando Reis já firmou um estilo bem particular na nossa música.

Isso significa que esse não é um trabalho para quem está em busca de grandes inovações sonoras. Dito isso, "Jardim-Pomar" é um belo disco de pop/rock/folk/MPB trazendo o artista em boa forma em uma série de canções ora mais lentas, ora mais pesadas, onde fica clara a mão do autor na criação para criar faixas de grande força e que causam empatia imediata.

Gravado em São Paulo e Seattle e com produção dividida entre Jack Endino (dos primeiros álbuns do Nirvana e que já havia trabalhado com os Titãs e o próprio Nando) e o ex-Screaming Trees Barrett Martin, "Jardim-Pomar" tem clima retrô, e mostra que o cantor ainda tem suas maiores referências na década de 70 - seja na MPB do período ou nos discos de Led Zeppelin e Neil Young.

A grande exceção fica para a funkeada "Azul de Presunto", assumidamente decalcada de "Airbound", faixa relativamente obscura de George Clinton. A faixa serve para reunir, pela primeira vez em mais de vinte anos, todos os vocalistas dos Titãs em uma mesma música. Assim, Nando se une a Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Sergio Britto e Branco Mello (e mais Pitty, Luiza Possi, Tulipa Ruiz e também a seus filhos em uma faixa bastante divertida que se destaca em um trabalho bastante agradável.

Ouça "Só Posso Dizer" com Nando Reis presente no álbum "Jardim-Pomar"





Pink Floyd - Cre/ation: The Early Years
Pink Floyd
Pink Floyd Cre/ation: The Early Years 1967–1972
Fãs de verdade do Pink Floyd sabem que a banda já tinha uma história bem complexa antes do estouro com "The Dark Side Of The Moon" em 1973. Mas, é fato que os primeiros anos do grupo - especialmente a fase que engloba o período 1968 a 1970 - segue um tanto negligenciada.

Essa história deve mudar agora com o lançamento de um imponente caixote com 27 discos (entre CDs e DVDs) recheados de material raro ou inédito. Para quem não quer (ou pode) mergulhar no box, esse CD duplo dá uma resumida na história.

Aqui temos de tudo um pouco, a começar pelos fundamentais singles do começo de carreira. "Arnold Layne" e "See Emily Play" estão entre as melhores canções dos anos 60, ou melhor dizendo, de todo o rock, e surgem aqui com som remasterizado e com uma nitidez nunca ouvida. Ambas foram gravadas na época em que o grupo era liderado por Syd Barrett, a figura trágica e enlouquecida que em 1968 acabou fora da banda que criou.

Para seus fãs - e para quem curte psicodelia em geral - vale dizer que o box set traz algumas gravações inéditas dele, incluindo a lendária "Vegetable Man", que por anos teve o seu lançamento vetado pela banda.

Voltando ao CD duplo, ele também traz faixas inéditas feitas para a trilha de "Zabriskie Point" de Antonioni, gravações para a BBC ou ao vivo (a versão mais lenta de "Interstellar Overdrive" de 1969 é um achado) e, talvez o grande destaque aqui, uma execução de "Atom Heart Mother" na íntegra levada apenas pela banda, sem o auxílio de orquestra.

Resumindo, esse é um Floyd bem diferente daquele conhecido pelas multidões. Ele não é necessariamente melhor, mas certamente é mais instigante. Ou seja, um disco indicado para os fãs, mas também para quem quer se embrenhar mais na história do grupo.

Ouça "Grantchester Meadows" com o Pink Floyd presente em "Cre/ation"





A Tribe Called Quest - We Got It from Here...
A Tribe Called Quest
A Tribe Called Quest We Got It from Here... Thank You 4 Your Service
Depois do belo disco do De La Soul, mais outro grupo fundamental da história do hip-hop está de volta com um disco não menos que impressionante. O A Tribe Called Quest fez história nos anos 90 com uma série de discos que ficaram para a história.

O grupo encerrou suas atividades em 1998, e ainda que tenha retornado na década passada esse é o primeiro disco deles em 18 anos. Ele começou a nascer depois que o grupo se reuniu no final do ano passado para uma participação no talk show de Jimmy Fallon.

Infelizmente, esse também é um trabalho de despedida, já que o rapper Phife Dawg, morreu em março deste ano, durante a gravação do álbum. Segundo o também rapper Q-Tip, Dawg deixou instruções claras sobre suas ideias e elas foram respeitadas.

O grupo se apresentou semana passada de forma memorável no Saturday Night Live (veja abaixo) e deve embarcar em uma última turnê - até porque a mensagem deles parece mais do que nunca ser necessária na América atual.

A nós resta torcer para que o giro também inclua o Brasil, mas enquanto isso não acontece, vale a pena ouvir esse disco com muita atenção - que apesar de ter apenas uma hora está dividido em dois discos - até porque ele é, sem dúvida, mais um dos grandes lançamentos de 2016.

Veja o A Tribe Called Quest tocar "We The People..." de "We Got It from Here..." no SNL



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