Britney Spears - Glory
Britney Spears
Britney Spears Glory
Aos 34 anos, Britney Spears há tempos deixou de ser aquela garotinha que dançava sensualmente com roupa de colegial. Artisticamente ela pode ter tido seus tropeços, mais do que normais, mas é bom ver que ela assume a passagem do tempo, ao não viver em uma bolha de eterna adolescência e estando aberta às novas sonoridades da música pop.

Spears é daquelas artistas que não tem problema em deixar que seus produtores assumam o controle sobre os seus discos, e por isso tende a trabalhar com gente do primeiro time.

Britney Spears
Assim, "Glory" é um daqueles discos com dezenas de créditos de composição e produção, mas que milagrosamente conseguem manter uma certa unidade.

O álbum pode não ser perfeito, mas tem vários bons momentos que alegrarão os fãs mais fiéis, os ouvintes casuais e também quem simplesmente escuta música pop nas rádios, pistas ou qualquer outra plataforma.

O nono álbum da cantora é obviamente marcado pelo pop com influência do R&B moderno, mas ele também tem momentos mais ousados, como a boa "Do You Wanna Come Over?" com inflexões de música flamenca ou "What You Need" com seus acenos ao soul dos anos 60. A faixa que encerra a edição deluxe - a sensualíssima "Coupure Électrique", com letra em francês - é outro destaque.

Ouça "Make Me... (Feat. G-Eazy)" com Britney Spears presente no álbum "Glory"





Carly Rae Jepsen - E.MO.TION: Side B
Carly Rae Jepsen
Carly Rae Jepsen E.MO.TION: Side B
Uma das maiores surpresas do ano passado foi o álbum E.MO.TION, onde Carly Rae Jepsen não só deixou claro que não ia ser mais uma daquelas cantoras de um só sucesso, como ainda se mostrou uma artista primorosa, daquelas que precisam ser escutadas com atenção e analisadas.

O disco acabou merecidamente em diversas listas de melhores do ano, incluindo as feitas por publicações ditas mais sérias ou adultas e só fez crescer o interesse por seus próximos passos.

Como o nome já entrega, esse EP ainda não é o sucessor daquele marcante trabalho, mas sim uma companhia, e das mais agradáveis diga-se. Esse "lado B" junta oito faixas que acabaram de fora do trabalho original. O fato dele ser quase todo bem interessante, especialmente em sua primeira metade com faixas como "First Time" e "Higher" provam que a fase realmente era de inspiração, a ponto de ter sido possível deixar essas canções em "modo stand by".

Ouça "Higher" com Carly Rae Jepsen presente no álbum "E.MO.TION: Side B"





De La Soul - and the Anonymous Nobody...
De La Soul
De La Soul and the Anonymous Nobody...
Chuck D, o líder do Public Enemy, disse, de forma certeira, que o rap não tinha nenhuma Joni Mitchell. O que ele quis dizer é que, ao contrário do que se vê nos mundos do, jazz, rock ou soul, no hip hop era praticamente impossível se manter como um artista daqueles chamados como "de respeito".

Esses estão naquele grupo de nomes que podem não vender muito atualmente, mas ainda gravam discos de destaque, levam gente aos shows e têm seus trabalhos antigos sendo constantemente valorizados.

O De La Soul é um excelente exemplo desse "descaso". O disco de estreia do grupo - "Three Feet High And Rising" de 1989 - é considerado um dos mais importantes não só do rap, como de toda música contemporânea.

Com aquele disco, eles trouxeram influências da psicodelia e do pop dos anos 70 para o rap e mostraram que havia todo um caminho a ser explorado no quer diz respeito ao uso de trechos de canções antigas sob um novo contexto.

De La Soul letras
O De La Soul seguiu lançando bons discos, mas a filosofia positivista deles acabou engolida pela geração seguinte que apostou no gangsta rap.

Felizmente a história deles ainda não acabou e está em um ponto alto. Esse "and the Anonymous Nobody..." só pôde ser feito graças a um projeto de financiamento coletivo e chega quase dez anos depois do último trabalho.

O fato da meta ter sido rapidamente alcançada e ele ter a participação de nomes como Jill Scott, Usher, Snoop Dogg, Damon Albarn (retribuindo o favor pela participação deles em um disco do Gorillaz) e David Byrne mostra como eles são queridos.

E os três seguem inspirados em um disco que sabe dialogar com as tendências mais contemporâneas da música negra em geral e do rap em particular, e não abre mão de um certo clima "old school". Vale curtir e já ficar na expectativa para os shows deles por aqui. O De La Soul voltará ao Brasil em novembro para shows em Belo Horizonte (03 no Music Hall), Rio De Janeiro (04 no Sacadura 154) e São Paulo (05 no Audio Club).

Ouça "Pain (Feat. Snoop Dogg) com o De La Soul de "and the Anonymous Nobody..."