Red Hot Chili Peppers - The Getaway
Red Hot Chili Peppers
Red Hot Chili Peppers The Getaway
Como toda banda simultaneamente veterana e megapopular, os Chili Peppers estão naquele grupo de artistas que já têm uma posição clara do público sobre eles, e seus novos trabalhos.

Assim, quem nunca gostou do quarteto certamente não irá se dar ao trabalho sequer de ouvir esse disco e quem era fã só da fase mais amalucada deles nos anos 80, também deverá seguir pela mesma rota.

Sobram assim quem se tornou fã deles no início ou final dos anos 90, e os admiradores casuais.

Esses últimos são os que terão mais interesse em "The Getaway", e ao menos para eles, este será certamente um bom disco. O trabalho demorou bastante para sair - foram cinco anos de espera - e a maior surpresa ficou por conta da escolha do produtor, Brian Joseph Burton, mais conhecido como Danger Mouse.

Red Hot Chili Peppers letras
Com Burton, Anthony Kiedis, Flea e cia. não fizeram algo radicalmente diferente do que se espera deles, mas, também não se pode negar, que ele deu um novo colorido às canções da banda.

O material se divide entre alguns momentos mais dançantes e funkeados e faixas mais lentas, melodiosas com acenos à psicodelia, que formam o grosso do material.

Assim, para usar um clichê da crítica musical, eles fizeram um álbum mais "para a cabeça que os pés". Dito isso, caberá ao ouvinte embarcar ou não nessa viagem. Os críticos não se animaram muito, mas há muita coisa aqui digna e interessante, mesmo que poucas faixas tenham cara de hit.

Vale prestar atenção em "Feasting On The Flowers", a pesada "Detroit" e a climática faixa de encerramento "", assim como no single "Dark Necessities", os melhores momentos de um trabalho que mesmo sem ser perfeito, mostra que os Chili Peppers ainda têm muito o que oferecer para aqueles que estiverem dispostos a ouvi-los.

Ouça "Dark Necessities com os Red Hot Chili Peppers presente no álbum "The Getaway"





Jake Bugg - On My One
Jake Bugg
Jake Bugg On My One
Jake Bugg causou surpresa quando surgiu há quatro anos, com um disco de estreia muito bom que chamava mais atenção ainda pelo fato dele ter sido feito por um jovem de apenas 18 anos.

Bugg não propunha nenhuma revolução sonora, mas se colocava dignamente em uma linhagem muito querida do rock britânico - a dos "atualizadores" de sonoridades do passado, a mesma de Paul Weller e Noel Gallagher.

O sucesso fez com que várias portas lhe fossem abertas rapidamente.

basta lembrar que o segundo álbum ("Shangri la" de 2013) foi produzido pelo badalado Rick Rubin, com a clara ambição de estourá-lo também nos EUA.

O sucesso de massa por lá não veio. Ao mesmo tempo, não foram poucos, entre críticos e outros músicos, a reclamar por ele ter trabalhado com compositores profissionais, como se isso fizesse dele menos autêntico.

Jake Bugg
Por via das dúvidas, Bugg desta vez quis deixar claro que podia fazer as coisas por si, algo já entregue pelo título ("On My One" é o jeito que as pessoas em sua Nottingham natal falam a expressão "on my own", ou "por minha própria conta"). Desta vez todas as faixas são compostas única e exclusivamente por ele e os resultados podem não ser estelares, mas demonstram seu talento.

O álbum funciona melhor no território seguro, o das baladas acústicas e o das canções de pegada mais rústica ("Put Out The Fire" lembra positivamente o The La's com suas influências de country e rockabilly).

Quando ele se aventura pelos ritmos dançantes ou tenta encaixar um rap no meio de uma das canções os resultados caem um pouco. Ainda assim mesmo esses deslizes não deixam de ter o seu charme, afinal eles mostram um artista ainda muito novo (22 anos) disposto a experimentar. Jake Bugg mantém-se assim como um nome a não ser descartado. Afinal, muita coisa aqui, faz prever que o seu grande disco ainda está por vir.

Ouça "Love, Hope And Misery" com Jake Bugg presente no álbum "On My One"





Laura Mvula - The Dreaming Room
Laura Mvula
Laura Mvula The Dreaming Room
Quando lançou seu disco de estreia há três anos, a britânica de ascendência caribenha Laura Mvula surpreendeu os críticos e o público britânico, com sua visão única e inovadora da soul music. "Sing to the Moon" ganhou disco de ouro, foi indicado ao Mercury Prize, apareceu em várias listas de melhores do ano e ainda lhe garantiu o privilégio de abrir uma série de shows de Prince.

Agora ela está de volta com um disco daqueles que é cada vez mais raro de se ver/ouvir: um que realmente soa original, a ponto de ser difícil tentar descrevê-lo, para quem não o conhece.

Laura Mvula
"The Dreaming Room" pode ser inserido dentro da cena de R&B futurista, mas também extrapola o rótulo com suas orquestrações, os coros de vozes sobrepostas e clima psicodélico.

A influência da black music clássica, e os anos como cantora de igreja também são facilmente visíveis em um álbum relativamente curto mas que tem o poder de cativar e seguir surpreendendo a cada audição.

Ainda que seja temeroso falar um termo como "clássico instantâneo", é difícil não ouvir "The Dreaming Room" sem ficar com a impressão de estarmos diante de um álbum muito especial.

Ouça "Phenomenal Woman" com Laura Mvula presente no álbum "The Dreaming Room"