Radiohead - A Moon Shaped Pool
Radiohead
Radiohead A Moon Shaped Pool
A essa altura do jogo, quem curte/acompanha o Radiohead já sabe que não pode mais esperar um disco de indie rock convencional, ou ao menos acessível como eles faziam nos anos 90.

Ainda assim é muito interessante ver como o grupo segue extremamente popular mesmo fazendo uma música que foge completamente dos padrões.

Dito isso, podemos falar que esse nono álbum da banda, é um dos que soam melhores em suas primeiras audições em uns bons 15 anos.

Isso quer dizer que, ao menos para os fãs, "A Moon Shaped Pool" tem tudo para ser um "clássico instantâneo". Ajuda o fato de boa parte desse material já ter sido testado na estrada, pelos cinco ou pelo vocalista Thom Yorke em seus shows solo e que algumas de suas músicas já estavam compostas há anos, ou mesmo décadas, mas só agora conseguiram ser registradas de forma a satisfazê-los.

Radiohead
Também, chega a ser desnecessário dizer que esse é daqueles álbuns que precisam ser ouvidos com a devida calma e atenção - com fones de ouvido de preferência. Assim fica mais fácil apreciar os arranjos intrincados, as melodias inusitadas e o excelente trabalho do produtor Nigel Goldrich.

As orquestrações também surpreendem, e mostram que Jonny Grennwood, que além de guitarrista se tornou um importante compositor de trilhas sonoras e peças eruditas, é cada vez mais peça fundamental nessa engrenagem.

Entre as várias surpresas do álbum, vale destacar"Ful Stop", fortemente influenciada pelo rock alemão dos anos 70, "Present Tense" com um quê de samba e bossa nova e "Desert Island Disk" que remete ao folk britânico do fim dos anos 60. Some a isso um dos melhores singles já feitos por eles, "Burn The Witch" e temos outro disco fundamental da banda e, como sempre, nome certo em praticamente todas as listas de melhores discos de 2016.

"A Moon Shaped Pool" foi lançado de surpresa digitalmente no domingo passado (8). As versões físicas saem no mês que vem e em setembro ele ganha uma edição de luxo, caprichadíssima.

Ouça "Burn The Witch com o Radiohead presente no álbum "A Moon Shaped Pool"





Jean-Michel Jarre - Electronica 2: The Heart of Noise
Jean-Michel Jarre
Jean-Michel Jarre Electronica 2: The Heart of Noise
Há alguns meses o francês Jean-Michel Jarre lançou a primeira parte desse projeto de colaborações (leia a nossa resenha), que agora está completo com a chegada dessa segunda, e última parte.

Como no "Electronica 1", o músico, um dos pioneiros da música eletrônica, chamou uma série de artistas dos mais diversos para colaborarem com ele. A grande diferença desse para outros álbuns semelhantes, é que Jarre quis trabalhar com todos eles no esquema "olho no olho", ao invés de fazer uma parceria "à distância", bem mais comuns ultimamente.

É essa proximidade que faz com que os discos realmente como o trabalho dele e seus parceiros, com cada um deles pondo a sua personalidade nas músicas e Jarre amarrando tudo, ao mesmo tempo em que tenta se adaptar aos mais variados métodos.

Nesse volume temos parcerias com, entre outros, Pet Shop Boys, Primal Scream, Cyndi Lauper, Gary Numan, Hans Zimmer, Peaches e até com o pivô do caso Wikileaks Edward Snowden.

Como esperado, o disco está longe de ser homogêneo, e quem ouvi-lo provavelmente o achará um tanto irregular. Por outro lado, dificilmente será possível se chegar a um consenso sobre o que funcionou ou não nesses dois discos, prova da validade do projeto, desse veterano, que sofreu um bocado nas mãos da crítica, mas que que hoje vê o seu trabalho, merecidamente reconhecido.

Ouça "What You Want (with Peaches)" do álbum "Electronica 2: The Heart of Noise"





Mahmundi - Mahmundi
Mahmundi
Mahmundi Mahmundi
Já tem um tempo que o nome da carioca Mahmundi surge quando se fala em nomes para ficar de olho na nossa música. Agora, com a chegada de seu primeiro álbum pelo selo StereoMono da Skol Music, um público mais numeroso poderá enfim tomar contato com a artista.

Mahmundi é extremamente talentosa, seja como cantora, compositora, ou instrumentista. Musicalmente ela se equilibra entre o pop brasileiro dos anos 80, a eletrônica e a MPB, tudo isso processado por uma artista jovem - 26 anos - que está bem ligada no cenário atual.

Dessa forma, o trabalho dela guarda semelhanças com o de SILVA, que também bebe de algumas das mesmas fontes que ela, ainda que os resultados finais se difiram o bastante.

O fato é que esse é um daqueles discos em que todas as faixas parecem ter cara de hit e é difícil não sai cantarolando algumas dessas músicas depois de umas poucas audições. Em resumo, "Mahmundi" é um disco excelente para deixar um pouco mais ensolarado esses nossos dias um tanto cinzentos de inverno.

Ouça "Eterno Verão" com Mahmundi presente no álbum homônimo da cantora