E lá vai ela, Dizendo até nunca mais Estou naquela vivendo à sombra dos ais Pra vê-la feliz, eu até me virei pelo avesso, Sabendo que do seu amor me fortaleço É a paga que ela me dá por tanto apreço, Vai embora e não deixa sequer seu endereço
Na escola de samba do seu coração foi um tropeço Cortou o meu samba alegando que não tinha fim e nem começo Rasgou a minha fantasia e atirou no chão meu adereço Motivo pra tanta discórdia, eu desconheço É a paga que ela me dá por tanto apreço Vai embora e não deixa sequer seu endereço
Fui ao fundo do poço, na base do ouço e obedeço E ainda dizia inocente e contente é isso que eu mereço Por ela, na mão, encarei camburão por um triz quase faleço Por fim ainda quer me vender a um baixo preço É a paga que ela me dá por tanto apreço, Vai embora e não deixa sequer seu endereço
Eu gastei toda economia pra enfeitar a casa A nega vadia ainda me arrasa, “formiga com asa” que quer se perder Eu gastei toda grana que eu tinha para vê-la “joinha” Deixando a vizinha com água na boca Mas é que essa louca não quer me querer
Eu gastei toda minha energia porque todo dia acordava mais cedo Para dar-lhe levedo e o mais puro leite pra fortificar Eu gastei toda a poesia que eu fazia à toa De Carlos Drumond e Fernando Pessoa Mas ela resolve me abandonar.