José Nunes
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Para Martin Luther King Junior

José Nunes


Poema Canto Dos Oprimidos

(4o anos da morte de Martin Luther King Junior)

Não existe preconceito, o problema é que o negro
Quer deixar à senzala
Quer vir sentar na sala
Quer ter direito a fala

Não existe preconceito, o problema é que o negro
Quer deixar à favela
Não quer viver de esmola
Não quer deixar à escola

Não existe preconceito, o problema é que o negro
Não quer descer ladeira
Não quer resto de feira
Não quer comer poeira

Não existe preconceito, o problema é que o negro
Não se dobra com chicote
Não se cala com acoite
Não é servil à elite

Não existe preconceito, o problema é que essa negra
Não sacode essa cadeira
Não desce à ladeira
Não satisfaz vontade passageira

Não existe preconceito, o problema é que essa negra
Freqüenta o baile de gala
Sabe muito bem o que fala
Não perde seu tempo com novela

Não existe preconceito, o problema é que esse negro
Deixou seu lugar comum
Não é mais qualquer um
Não se dobra a senhor algum

Não existe preconceito, o problema é que esse negro
Atravessou à margem
Mais não esqueceu sua origem
E recusou à maquilagem

Não existe preconceito, o problema é que esse negro
Não se engana com mentira
Que marginaliza sua cultura
E a verdade transfigura

Não existe preconceito, o problema é que esse negro
Resgatou sua história
Tem uma África na memória
E um canto de vitória

Não existe preconceito, o problema é que o negro
Não sangra mais no tronco
Não se engana nem um pouco
Não se vende nem quer troco

Não existe preconceito, o problema é que o negro
Reclama, pede por mudança
Não quer mais saber dessa injustiça
E não dá mais para olhá-lo com indiferença

Não existe preconceito, o problema é que o negro
Quer sua liberdade
Sua luta, sua oportunidade
Seu direito à felicidade
Com prevê a constituição

Se o negro aceitasse sua condição
Se ficasse onde estão
Se o negro aceita à favela
Que é uma extensão da senzala
E vivesse com que lhe dão de esmola

Se não reclama seu direito
Não existiria preconceito
Porque aceita o que lhe é dado, que é o resto
E não o que lhe é de direito

Meus versos não tem pele, não tem cor
Meus versos tem humanidade e amor
Meus versos é o canto do oprimidos
Meus versos é o grito dos injustiçados

Composição: J.Nunes

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