De pau a pique baldrame de aroeira Sua casa de madeira ele fez lá no sertão O rego d?água trouxe lá da cabeceira Fez a bica , fez peneira, fez munjolo e fez pilão
Acostumado sempre na vida roceira Enfrentou a capoeira a peso do enxadão Fechou a roça toda de arame farpado Fez um pastinho pro gado e pro cavalo alazão
Ali prá muitos não passava de um deserto Por não ter vizinho perto nem asfalto na estrada A sua luz era o azeite da candeia Que tão pouco clareia lá na trave pendurada
Seus companheiros eram mesmo seus cachorros Latindo no pé do morro prá espantar a bicharada Mas o seu rancho feito ali no pé da serra Era mesmo o céu na terra e só faltava sua amada
Fim de semana chapéu novo e cinturão E no arreio do alazão sua baldrana amarela Quase oito léguas sempre de marcha batida Prá ir ver sua querida na distante Currutela
E só voltava quando era madrugada Trazendo da sua amada ainda mais paixão por ela Sempre sozinho, mas feliz fazia plano Porque no final do ano ele ia se casar com ela
Um certo dia, foi rever seu grande amor Mas só tristeza encontrou vendo a casa abandonada E um aviso prá findar sua ilusão Foi escrito com carvão na porteira da chegada
Dizendo a ele tomei esta decisão Porque no meu coração outro alguém já fez morada Sei que com ele vou ter mais luxo e conforto Mas se eu fiz seu sonho morto perdoe-me se fui culpada
Primeira vez que este homem forte e matuto Vestiu seu mundo de luto e lágrima forrou ao chão E nos seus lábios um sorriso amarelo Bateu forte igual martelo no seu pobre coração
Amargurado e triste voltou prá casa No seu peito virou brasa as letras feitas com carvão Seu abandono foi te consumindo aos poucos No final esse caboclo morreu de tanta paixão