Bate na porta Grita mais forte "Eu sou tua mãe" Desiste e vai embora Se embalar na rede Sozinha com os cães
Quem te ninou, mulher? Quem te ninou? Se sente perdida Manchada, puída A vida ensinou
Quem te ninou, mulher? Quem te ninou? Se eu te abrisse a porta O que me diria? Ninguém te ensinou
Só os cães Conhecem a solidão O dia te suga tudo A noite, o sono que te estende a mão Só os cães Entendem tua solidão Garganta incógnita A latir na eterna Repetição
O sonho de hoje É o mesmo de ontem Como esquecer? Sob o sol de Redonda Aquela menina Voltando a ser
Quem te ninou, mulher? Quem te ninou? Entre paredes feias Cachorra Baleia Arqueja de dor
Quem te ninou, mulher? Quem te ninou? Já rompe a aurora Uivos lá fora Sua hora passou
Só os cães Conhecem a solidão O dia te suga tudo A noite, o sono que te estende a mão Só os cães Entendem tua solidão Garganta incógnita A latir Na eterna Repetição
E irá assim latindo A hereditária angústia Dos seus pais E eu mais Somos cães Mãe, somos cães Somos cães, mãe Somos cães
Só os cães Conhecem a solidão O dia te suga tudo A noite, o sono que te estende a mão Só os cães Entendem tua solidão Garganta incógnita A latir Na eterna Repetição