Nascido no subúrbio nos melhores dias Com votos da família de vida feliz Andar e pilotar um pássaro de aço Sonhava ao fim do dia ao me descer cansado
Com as fardas mais bonitas desse meu país O pai de anel no dedo, o dedo na viola Sorria e parecia mesmo ser feliz
é! Vida boa, quanto tempo faz Que felicidade E que vontade de tocar viola de verdade Um dia de tristeza me faltou o velho E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia Um craque da pelota ao me tornar rapaz Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo Foi mais uma vontade que ficou pra trás é! Vida boa, vai no tempo vai E eu sem ter maldade Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai E assim crescendo eu fui me criando sozinho Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina Em toda brincadeira, em briga e namorar
é! Vida boa vai no tempo vai Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta Mas tão habituado com o adverso Eu temo se um dia me machuca o verso E o meu medo maior é o espelho se quebrar